29 December 2006

à tua espera...

exercício

É apenas um exercício de memória
Querer lembrar-te
e fixar a tua imagem
num pequeno lugar
no espaço

Tentar recordar o teu perfil
a cor da tua pele
e a maneira de sorrir

Fixei apenas as tuas mãos,
o suave toque que anseio
O entrelaçar dos nossos
dedos

Ao virar de uma
esquina sinto o teu cheiro
Ficou perdido no ar
à minha espera.

Uma ausência em
confronto permanente
dentro de mim.

tudo o que interessa no mundo em papel marroquino


“Adoro as tuas cartas. Não tanto de as ler; mais de as receber. Adoro abrir a minha caixa de correio e ver o teu envelope no meio de outros vinte com contas para pagar. Adoro-te a ti. Conhecemo-nos faz hoje um ano, Verão de São Martinho a comer castanhas à volta de uma fogueira num acampamento. Parecia uma cena de um filme romântico foleiro, tu com uns amigos, eu apenas a passar em direcção à minha tenda. Ainda me lembro da tua voz, da sensação que me causou no corpo todo aquela voz a chamar-me, ia eu entretido com um cigarro acabado de enrolar (a minha diversão da altura, lembras-te?). Apresentar-me, sentar-me, concentrar-me nas caras do grupo, confesso que a minha atenção se virou, nos primeiros minutos apenas, para uma das tuas amigas, sentada à minha frente. Hoje nem do seu nome me lembro. Rapidamente, porém, os meus sentidos, especialmente a audição (a tua voz de mel) e o olfacto (o cheiro suave da tua pele) me guiaram a ti, a rapariga que reparara no meu ar triste (segundo contaste mais tarde) e me chamara para passar a noite com vocês. Muitos dos que nesse grupo se inseriam, não os voltei a ver, no entanto, para além de ti (claro!), um ou dois permaneceram na minha memória e passei a dar-me com eles. O melhor exemplo? O Zé, obviamente. Hoje em dia, como sabes, é o meu melhor amigo, mais uma coisa te devo...Lembro-me de que nessa noite nos divertimos como nunca; aproveitei para sair um pouco da minha má vontade de nascença, tu ajudaste-me, é certo; cantei músicas foleiras, dancei atrapalhadamente, ri de anedotas sem piada, contei histórias sem interesse só para manter o ambiente vivo, até que a maioria começou a adormecer, principalmente quando a cerveja se esgotou juntamente com as pilhas de um rádio com cassetes que para lá andava, e tu me pegaste na mão e me levaste. Andámos imenso, o cansaço parecia não nos atingir, perdemo-nos numa floresta e, sem explicação aparente, amámo-nos.
Já lá vão trezentos e sessenta e seis dias. Neste primeiro ano muito se passou. Muitos nos abandonaram: zangas, acidentes, mortes, lágrimas artificiais em alguns casos (...) Poucos sobreviveram: a viagem, confesso, não foi das mais fáceis, por vezes cheguei a ter medo, no entanto nunca abandonei o barco. Mais importante ainda, tu também não, permaneceste ao meu lado e ajudaste-me a não desistir. Mais uma coisa te devo...são tantas que já lhe perdi a conta. Garanto que te hei-de recompensar, e não apenas com um simples “obrigado”. Pensarei em algo que te surpreenda e obrigue a ficar a meu lado. Porque, no fundo, é só isso que eu pretendo: que fiques a meu lado. (...) Já te quis matar, e tu a mim, ambos já o confessámos, o tentámos até, porém voltámos atrás e ainda bem.(...) Adoro “picar-te”, provocar-te ao máximo para ver os teus limites. Dessa vez, atingiste mesmo o limite quando recitaste o meu poema preferido todo de cor em jeito de declaração de amor para me convenceres, e depois de não resultar subiste para o parapeito e agarraste-te a mim a dizer que morrerias comigo se fosse preciso. (...) Aconcheguei-me no teu colo e nesse dia maravilhoso fui eu a chorar, consciente ou inconscientemente, tanto faz. Nesse fim de tarde, tirámos fotografias um ao outro na praia que se encontra mesmo ao pé da tua casa.
Passou um ano. Por enquanto, não é altura de festejar, partiste faz hoje uma semana e só chegas daqui a dois dias. África, Marrocos (...) onde o cheiro da miséria se mistura com o aroma das especiarias, crianças, velhos, gritos (...) Nunca soubeste explicar porquê, mas sempre adoraste essa terra e sei que um dia vais abandonar esta cidade (...) Estou disposto a acompanhar-te (...) estou disposto a arriscar e partir contigo para que me mostres os verdadeiros segredos desse local maravilhoso. (...) Passado este ano, conheço-te melhor que ninguém, tu própria o dizes. Conheço cada centímetro do teu corpo e da tua mente. Conheço as tuas manias, os teus tiques, as frases, as ideias, as tuas disposições e, mesmo assim, através da tua arte surpreender-me a cada minuto que passa. O que, no fundo, mostra, que darmo-nos melhor seria impossível, pois o que há de mais fascinante que a surpresa, a novidade quando pensamos ter tudo sob controlo?
Passou um ano, não estás cá para festejar.
Eu sabia que não te esquecerias, o que eu não sabia é que ficaria tão emocionado com o facto de te lembrares.
Adoro as tuas cartas. Não tanto de lê-las, mais recebê-las. Ver o teu envelope no meio de outros vinte com contas para pagar. Esta última, que recebi hoje e acabei de reler há minutos foi diferente: adorei recebê-la, mas ainda mais lê-la. No meio de uma folha de papel ordinário marroquino (que tem um toque extremamente agradável), escrita com a tua caneta de tinta permanente, apenas uma palavra, somente uma palavra utilizaste tu para me mostrar que não te esqueceras apesar da distância a que te encontras. Com a tua angelical caligrafia e o cheiro das tuas mãos ainda envolvendo o papel, apenas e só a palavra “amo-te”.
Eu sabia que não te esquecerias.”

In Deus Morreu E Eu Não Fui Ao Funeral, João Rosas

Pedro Paixão Remix

Sinto invadir-me uma melancolia de outros tempos em que acreditar era mais fácil. O sofrimento pode ter sentido, transforma-nos por dentro. O mundo todo é um mal-entendido que aguardamos que se resolva ou estoire e enquanto nada acontece sofremos. Agarramo-nos a coisas que se nos escapam entre os dedos. Uma pessoa não pode viver a vida de outra. Sinto o peito oprimido por uma dor antiga que sei não irá passar. Acordas numa manhã igual a todas as outras com a certa certeza de ela não te amar e sabes bem que o amor não se repete. Que persistes na vida dela como uma espécie tolerada que insiste em continuar por ali, alguma coisa que ainda dá sinais de vida e já vai morto, erva arrancada ao caminho, que para algumas coisas ainda serve. Não te encontrei por acaso. Foi mesmo preciso, uma necessidade da vida, do mundo, não minha. E agora dói tanto continuar a rever-te. Repito para dentro de mim que o passado não existe. Uma fraca estratégia para enganar o futuro. Tu achavas-me muito esquisito. É que não precisávamos de nos ver para cairmos juntos no amor. Vermo-nos só trouxe complicações. Nós não sabíamos nada, era isso, nem tu nem eu, apesar da confiança com que olhávamos as nossas vidas. A música são lágrimas, escreveu alguém. Tive de continuar a representar vários papéis ao mesmo tempo e quando me olhava ao espelho era uma máscara que via a olhar-me, a interrogar-me sem que soubesse porquê. Os silêncios tornavam-se difíceis, todas as pausas eram um risco de depois não saber continuar, não ter por onde. Imaginava o teu corpo a mover-se noutra cidade, a atravessar uma rua, a apanhar um táxi, a meter-se num cinema, próximo de outros corpos de quem eu tentava imaginar a face e não via. Só queria ficar mais tempo nesse tempo em que ainda sabíamos tão pouco um do outro. Tenho tanto medo de te encontrar que mesmo nunca te encontrando estás mais presente que todos os que vejo girar à minha volta. O que os dias trazem, um diário de tédio. Pouco a pouco vais-me expulsando da tua vida. Com avanços e recuos, é um trabalho árduo. É tão difícil concentrar-me, impedir que os pensamentos corram sem direcção nem sentido, me surpreendam em insinuações tão dolorosas. Como tudo o que fizemos de um modo tão leve, tão descuidado, se transforma agora no chumbo que pesa sobre a minha vida e a vai afundando. De vez em quando tornava-se urgente dizer um ao outro que gostávamos muito um do outro. Não sei porquê. Vivíamos de amores emprestados. Eu sabia que as coisas não podiam voltar atrás, que nada acontece duas vezes. Não foi de repente que tudo mudou, que fiquei aflita, nesta aflição em que sufoco. Tu não eras quem eu esperava que fosses. Estamos sempre a imaginar isto e aquilo e sempre a confundir isso com o que está para vir e vem de outra maneira. E de repente tudo se desfaz. Sou facilmente magoada. Sou facilmente usada. Deixo-me usar. Contigo ainda foi pior. Porque tudo parecia ser como não era. E o tempo nunca mais acaba de passar, enquanto minuto a minuto todos os relógios avançam. Lembrava-me só de uma frase que voltava sem que eu a quisesse lembrar. “És a pior coisa que me podia ter acontecido.” Desculpe o desabafo. E não é metade do que sinto. Obrigada. Se não fosses tu não valia a pena. Se não fosses tu não havia o mar. Tu vais e eu espero que regresses só o tempo necessário em que morro num soluço. Percebi por fim o que já sabia. Trazia uma quantidade de água a rebentar por detrás dos olhos, é verdade, mas só eu julgava sabê-lo. Já não estava a aguentar, estava a deixar-me ir. Tudo tão perto e tão longe. De repente o vazio. No momento preciso em que não se estava à espera. O vazio. Sabes como é, claro. Quando se perde a direcção e o sentido e o tempo é uma muralha levantada à nossa frente. ...há momentos em que um beijo escrito vale por muitos. Foges. Mergulhas a cabeça na água que corre, na esperança que a porta entreaberta por fim se abra e de beijos te sufoquem. Fecho os olhos, como se já não estivessem fechados, e o que está dentro de mim é uma ânsia. Nunca saberemos o que nos une. Nem o que nos separa. Foi sempre assim. O que nos prende é o imprevisível. O que nos guarda é a fragilidade. Foi tão doce acabar contigo. Quiseram-me e deixaram de me querer.

13 December 2006

PELA LIBERDADE DOS PERUS E EXTINÇÃO DO BACALHAU, PELA DIGNIDADE DAS RENAS E EXPLORAÇÃO DOS DUENDES, PELOS GORROS DO PAI NATAL QUE JÁ NINGUÉM AGUENTA, FAÇO VOTOS DE UM NATAL LIGEIRAMENTE DIFERENTE, CHEIO DE BROAS E FILHOSES E DE UM 2007, CHEIO DE NOVIDADES PROMISSORAS.
BJS A TODOS

8 November 2006

my angel Gabriel


i can fly/but I want his wings/i can shine even in the darkness/but I crave the light that he brings/revel in the songs that he sings/my angel gabriel/i can love/but I need his heart/i am strong even on my own/but from him I never want to part/he's been there since the very start/my angel gabriel/my angel gabriel

entra...


e põe-te à vontade

o que se quer


O QUE SE QUER

“Querer alguém, ou alguma coisa, é muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, é uma coisa mais bonita do que se diz. Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, não sabíamos que estávamos tão insatisfeitos. Porque não estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para não falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possível viver sem ela? Foi uma obscenidade. Querer é descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. Não há surpresa maior.
O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. QUERER É SEMPRE A HUMILHAÇÃO SUBLIME DE QUEM QUER. Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. É a parte de nós que olha por nós e que nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos uma pessoa, menos nos queremos a nós...
Querer é mais forte que desejar, pelo menos na nossa língua. Querer é querer ter, é ter de ter. Querer tem mesmo de ser. (...)Desejar tem menos. É condicional. Quem deseja, desejaria. Quem deseja, gostaria. (...)Querer é querer ter e guardar, é uma vontade de propriedade; enquanto desejar é querer conhecer e gozar, é uma vontade de posse. O querer diminui-nos, mas o desejar não. Sabemos que somos completos quando desejamos - desejamos alguém de igual para igual. Quando queremos é diferente - queremos alguém com a inferioridade de quem se sente incapacitado diante de quem parece omnipotente. O desejo é democrático, mas o querer é fascista.
O que desejamos, dava-nos jeito; o que queremos fez-nos mesmo falta. Mas tanto desejar como querer são muito fáceis. (...) Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento que se tem. O que é?
«Cada pessoa, - dizia Oscar Wilde, - acaba por matar a coisa que ama». Mata-a, se calhar, quando sente que a tem completamente. Faz o que faz o caçador com a caça. (...) A verdade, triste, é que uma pessoa completa, a quem não falta nada, não é capaz de querer outra pessoa como deve ser. No momento em que se sente que tem o que quer, foi-lhe devolvida a parte que lhe fazia falta e passou a ter tudo em casa outra vez. É feliz, está satisfeita e deixou de ser inferior à sua maior necessidade. O ter destrói aquilo que o querer tinha de bonito. Uma necessidade ocupa mais o coração, durante mais tempo, que uma satisfação. Querer concentra a alma no que se quer, mas ter distrai-a. (...) É bom que se continue a julgar que aquilo de que se precisa é exterior a nós. (...) Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. (...) É esta a violência. É esta a injustiça. Mas é esta também a beleza. (...) Ter o que se quis não é tão bom como se diz, nem querer o que se tem é assim tão mau. O segredo deve estar em conseguir continuar a querer, não deixando de Ter. Ou, por outras palavras, o melhor é continuar a ser querido sem por isso deixar de ter tido. O que é que todos nós queremos, no fundo dos fundos? Queremos querer. Queremos Ter. Queremos ser queridos. Queremos ser tidos. É o que nos vale: afinal queremos exactamente o que os outros querem. O problema é esse.”

Miguel Esteves Cardoso, in Os Meus Problemas

In My Secret Life (Leonard Cohen)

I saw you this morning/You were moving so fast/Can't seem to loosen my grip/On the past/And I miss you so much/There's no one in sight/And we're still making love/In My Secret Life/I smile when I'm angry/I cheat and I lie/I do what I have to do/To get by/But I know what is wrong/And I know what is right/And I'd die for the truth/In My Secret Life/Hold on, hold on, my brother/My sister, hold on tight/I finally got my orders/I'll be marching through the morning/Marching through the night/Moving cross the borders/Of My Secret Life/Looked through the paper/Makes you want to cry/Nobody cares if the people/Live or die/And the dealer wants you thinking/That it's either black or white/Thank G-d it's not that simple/In My Secret Life/I bite my lip/I buy what I'm told:From the latest hit/To the wisdom of old/But I'm always alone/And my heart is like ice/And it's crowded and cold/In My Secret Life.

poeta urbano/trovador errante

Boletim Meteorológico
Eu tenho um certo gozo em ver-te contente

Já sei que o meu sentimento é banal
Mas nem por isso o que eu digo
A meu ver é menos importante
Às vezes apetece-me oferecer-te um presente

Mas nem sempre calha
E quando calha é quase sempre
Aparentemente insignificante
Por exemplo gostava de te dar uma paisagem

Com camelos e mar ao fundo
Maravilhosa e serena
Tranquilamente estimulante
Mas como pintor sou um desastre
E como economista ainda mais decepcionante
Mesmo assim eu insisto em fazer parte

Do teu mundo
O boletim meteorológico anunciou calor

Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar
Imagina que eu sou um ilusionista

Que arranca coisas do chão, do chapéu, do coração

Talvez assim vejas em mim um homem novo
Todo elegante
O que na verdade sou e a verdade

Pode ser elevada à coisa sonhada
Reinventada por muito se querer
E eu quero ser o teu amante
Desta vez vou construir uma cama de espuma

Adequada à função de voar
Com limpa-pára-nuvens
Mesmo à altura do teu olhar
Se for preciso um pára-quedas arranjamos

Uns milagres em bom estado prontos a usar
Se achares que não valeu a pena, aí lamento
Mas não posso mesmo concordar
O boletim meteorológico anunciou calor
Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar
Faz sentido no meu sistema solar


http://www.jorgepalma.web.pt/

2 November 2006

a anestesia


da espera. tic...tac...tic...tac...

31 October 2006

Fui ver... e gostei.

A banda sonora é excelente e dá ao filme uma visão mt alternativa.
...a Kirsten Dunst está simplesmente deslumbrante.

26 October 2006

Joan as Police Woman - Album Real Life














I DEFY
i defy! i love your way
how could it be different?
i defy! i love your way
well how could it be different?
ooh, now i'm kissing the real you
now i'm kissing the real you
will i get through my dark day
did you hear me? did you hear me?
ooh oh ooh oh ooh oh ooh oh
how could it be different?
i see the stars around your face
they never seem to hurt at all
the stars around your face
they never seem to hurt at all
ooh, now i'm missing the real you
now i'm missing the real you
well i got through my dark day?
did you fear me?
did you fear for me?
ooh oh ooh oh ooh oh ooh oh
how could it be different?
don't want to see my baby fall
it's the dawn i feel
becoming ever after this is my matter,
dear i defy!
i love your way well,
how could it be different?
i defy!
i love your way

how could it be different?
well i got to know you today
and i adore you i adore you
ooh now i'm loving you how
could it be different?
ooh
now i'm loving you

how could it be different?

O Livro das Ilusões - Paul Auster (posted by H)

Paul Auster é dos nomes da literatura americana actual mais conhecidos em Portugal. The Book of Illusions (tradução portuguesa O Livro das Ilusões), publicado em 2002, é um romance com contornos de suspense de qualidade inegável. No livro é dado especial enfoque a um outro mundo, a que Auster não é propriamente alheio – o cinema – daí que a obra seja de interesse acrescido para os amantes da 7ª Arte.
O Livro das Ilusões recordou-me o muito criticado filme português Manô de George Felner, estreado o ano passado. Apesar de serem obras de géneros e nacionalidades diferentes, logo pouco passíveis de serem comparadas, ambas confluem num ponto: têm como temática central o mundo mal conhecido e muitas vezes misterioso dos heróis do cinema mudo.
Em The Book of Illusions encontramos como narrador David Zimmer, um académico que perdeu a família e todo o ânimo para viver. Inesperadamente, encontra uma tábua de salvação ao investigar os filmes e Hector Mann, considerado o último grande mestre do slapstick mudo. Zimmer percorre vários países para poder ver toda a filmografia de Mann, distribuída pelos principais arquivos cinematográficos do mundo. Pelo meio vai conhecendo fragmentos da vida do misterioso homem, que desaparecera seis décadas antes sem deixar qualquer pista sobre o seu paradeiro. Todavia, uma estranha carta chega à casa de David. Ela diz que Hector Mann está vivo e deseja conhecê-lo. Mas… como é possível?
Esta pequena sinopse é apenas um ponto de partida para uma narrativa empolgante, especialmente na sua parte final. Auster é particularmente admirável nas descrições que faz de filmes, filmes que na verdade teceu na sua cabeça pois trata-se de um livro puramente ficcional, sem qualquer base verídica. A dada altura sucede algo semelhante ao caso de Umberto Eco que na sua obra mais célebre, O Nome da Rosa, deixava o espectador imerso na dúvida se o que relatava tinha de facto acontecido. Assim, não é difícil ao leitor se sentir dentro da própria acção, seja nos seus momentos mais entusiasmantes ou mais plenos de angústia. Um livro a descobrir por todos quanto apreciem um bom livro, uma boa história, personagens inesquecíveis ou o mundo fascinante do Cinema.

"That tiny ant and his atomic powers has what it takes and always makes the vilest villain cower."

Eu...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,
e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca

3 October 2006

ando com este livro no bolso...



Os Anões é o único romance que Harold Pinter escreveu durante a sua longa e notável carreira, coroada em 2005 com a atribuição do Prémio Nobel de Literatura. Originalmente concluído em começos da década de 1950, depois revisto em 1989, o livro descreve as vidas e preocupações de quatro jovens londrinos na Inglaterra do pós-guerra.Através da evolução, tumultuosa e destrutiva da sua amizade, Pinter explora o modo como as vidas comuns são moldadas pelas limitações e fronteiras da sexualidade, da intimidade e da moralidade, ao mesmo tempo que põe a nu as profundas verdades existentes em acontecimentos aparentemente correntes.Divertido, vivo, e perturbante, Os Anões é um romance escrito num estilo brilhante por um escritor cuja imaginação marcou as nossas vidas e o nosso tempo.

22 September 2006

o Gil e o Zé Manel a curtirem um ganda som


mais A O'Neill


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

gatos no pontão



este verão




Tunísia



Pompidou

nas margens do Sena

bom som


Em 2004 os Nouvelle Vague, projecto dos produtores franceses Marc Collin e Olivier Libaux, surpreenderam o mundo musical com o seu conceito: a recriação de singles da new wave da década de oitenta, com um sabor a bossa nova. Agora, o grupo está de regresso com o este Bande À Part. O conceito mantém-se e desta vez os Nouvelle Vague revisitam clássicos como Killing Moon, Bella Lugosi's Dead ou Blue Monday, entre vários outros. Este é o disco que confirma a surpresa e que promete levar os Nouvelle Vague a vôos muito mais altos.

21 September 2006

gato escaldado...

citações

A imaginação é mais importante que o saber.
Albert Einstein

A medida de uma alma é a dimensão do seu desejo.
Gustave Flaubert

Se o doido persistisse na sua loucura tornar-se-ia sensato.
William Blake

O conhecimento do próximo tem isto de especial: passa necessariamente pelo conhecimento de si mesmo .
Italo Calvino

Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído.
Marguerite Duras

Ninguém pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido.
Herman Hesse



dos tempos da Faculdade, pela Tuna

Roger a Jacto
Era um menino calmo
Antes de vir para cá
Lia livros a palmo
Estudante como não há
Mamã vou pró Algarve
Aprender o inglês
Tornou-se num alarve
Ficou sem os três
REFRÃO:
Oh! Oh! Roger

Porta-te bem
Se não ficas sem ninguém
Oh! Oh! Roger
Porta-te bem
Se não ficas sem ninguém
Oh! Amigo tem calma
Que o curso são quatro anos
Á média de três por dia
Ainda te lixas com os manos
Mas elas são tantas
E eu sou tão leal
Que ás páginas tantas
Abrandar é fatal
Sei tão bem funcionar
Com a vista e o tacto
Que por caírem tão rápido
Já dizem que eu sou a jacto
Elas vão acabar
Por dar cabo de mm
Quando vierem as caloiras
Meu Deus é o meu fim
Oh! Oh! Roger
Porta-te bem
Se não ficas sem ninguém
Oh! Oh! Roger
Porta-te bem
Se não ficas sem ninguém
Oh! Oh! Roger
Porta-te bem
Se não ficas sem ninguém

Letra: Pedro Lopes
Musica: João Grilo

1 livro

Yambo, um abastado alfarrabista de Milão na casa dos sessenta, perdeu a memória após um AVC - lembra-se do enredo de cada livro que leu, de cada linha de poesia, mas não se lembra do próprio nome, não reconhece as próprias filhas ou qualquer momento da sua infância ou da sua família.
Numa tentativa de recuperação de si próprio, Yambo aceita a sugestão da mulher de voltar à casa de campo da sua infância, onde descobre livros, álbuns de banda desenhada, revistas, discos de outros tempos, religiosamente guardados pelo avô já falecido, e começa uma viagem em busca do tempo perdido, povoado de imagens e personagens ora fictícios, ora reais, mas todos importantes para a redescoberta de si próprio.
Assim, Yambo acaba por reviver a história da sua vida: de Mussolini à educação católica, de Josephine Baker a Flash Gordon ou Fred Astaire. As suas memórias vão surgindo ininterruptamente, e a sua própria vida vai surgindo diante dos seus olhos como uma banda desenhada. Nesta luta para recuperar a memória, Yambo só procura uma única e simples imagem: a imagem do seu primeiro amor.

my super dog, Pisca de Piscolé

Tofusinho e Noa















Andrea e Bruno, aqui estão os vossos meninos

ando a sonhar com esta cama

recomenda-se...










Seria difícil alguém poder imaginar um cocktail tão especial. Juntar nomes como Tricky, Franz Ferdinand, Cat Power,Michael Stipe, Placebo, Portishead, Marianne Faithfull, Jarvis Cocker, The Kills, The Rakes .... já poderia ser uma coisa do outro mundo. Juntá-los à volta de um nome como o de Serge Gainsbourg, é um feito que nos parece fora de série. "Monsieur Gainsbourg/ Revisited" é um disco de tributo a um dos maiores nomes da música francesa, que ultrapassou barreiras e se tornou numa referência a nível internacional. Celebra-se o 50.º aniversário do seu nascimento e para tal acontecimento foram-se buscar alguns dos nomes mais proeminentes da cena internacional, que deram às suas canções uma alma nova. Fizeram deste trabalho um documento histórico, imperdível e imprescindível.





ouvir em repeat

She Wants Revenge
i dont want to fall in love
I would like to tell you, I would like to say
That I knew that this would happen
That things would go this way
But I cannot deceive you,
this was never planned
I know that you're the right girl
but do you think that I am the right man?

The Sounds
painted by numbers
could i act like you, and put a smile on my face
not even for a second, would i lie to myself
too many things are missing, and there's a tear in my eye
it's not a question or an answer, but it will change your mind
we'll be the same tomorrow'
cause we all been painted by numbers
we're dancin' as we borrow
you said it was love
i said i'd like you to be mine



liga-me...

20 September 2006

pedro paixão

Mentir pode ser um exercício de inteligência em que a realidade é reinventada. Essas alterações transportam consigo outras, numa reacção em cadeia, até perturbarem toda a paisagem. Não é fácil, pode ser perigoso. Quando comecei a mentir deixei de poder parar de mentir, uma mentira erguendo-se sobre outra. Sei que me é impossível voltar atrás, recomeçar tudo de novo

o tempo não pára

está no olhar...

era uma vez 1 gato chamado Gil















ele era um príncipe animal
que não comia espinhas, nem ossos, só ração.

...e Alexandre O'Neill














Fala
Fala a sério e fala no gozo
Fá-la pela calada e fala claro
Fala deveras saboroso
Fala barato e fala caro
Fala ao ouvido fala ao coração
Falinhas mansas ou palavrão
Fala à miúda mas fá-la bem
Fala ao teu pai mas ouve a tua mãe
Fala francês fala béu-béu
Fala fininho e fala grosso
Desentulha a garganta levanta o pescoço
Fala como se falar fosse andar

Fala com elegância - muito e devagar.

A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem

O jardim onde a aventura recomeça

encontrei num blog

sabias?
gosto muito de ti sabias? não sei bem explicar, acho que nem se explica, mesmo que tentasse, mas gosto de te ouvir, de te ver, de te ter. sinto-te como se fizesses parte de mim, como se a tua alma e a minha fossem só uma. gosto de ti, e de te ter perto de mim, de te sentir. arrepio-me só de pensar. sabias? imagino-te. penso-te. lembro-me de ti. quando acordo. quando me deito. sempre. não te esqueças de mim, prometes?

gosto de ti
gosto de ti, a sério que gosto. é estranho não é ? mas é que é essa a verdade. gosto de ti, acabou-se! é mesmo assim. não posso dizer a toda a gente, que gosto de ti. mas tu sabes, eu sei. gosto de ti. gosto mesmo muito de ti. muito. a sério. olha que é mesmo verdade. não me sinto mal por gostar de ti. sinto-me bem. sinto-me muito melhor, do que antes. antes de gostar de ti. agora gosto muito mais de mim. porque gosto de ti. gosto mesmo muito, e é mesmo a sério, gosto. de ti. e tu sabes.