8 November 2006

my angel Gabriel


i can fly/but I want his wings/i can shine even in the darkness/but I crave the light that he brings/revel in the songs that he sings/my angel gabriel/i can love/but I need his heart/i am strong even on my own/but from him I never want to part/he's been there since the very start/my angel gabriel/my angel gabriel

entra...


e põe-te à vontade

o que se quer


O QUE SE QUER

“Querer alguém, ou alguma coisa, é muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, é uma coisa mais bonita do que se diz. Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, não sabíamos que estávamos tão insatisfeitos. Porque não estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para não falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possível viver sem ela? Foi uma obscenidade. Querer é descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. Não há surpresa maior.
O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. QUERER É SEMPRE A HUMILHAÇÃO SUBLIME DE QUEM QUER. Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. É a parte de nós que olha por nós e que nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos uma pessoa, menos nos queremos a nós...
Querer é mais forte que desejar, pelo menos na nossa língua. Querer é querer ter, é ter de ter. Querer tem mesmo de ser. (...)Desejar tem menos. É condicional. Quem deseja, desejaria. Quem deseja, gostaria. (...)Querer é querer ter e guardar, é uma vontade de propriedade; enquanto desejar é querer conhecer e gozar, é uma vontade de posse. O querer diminui-nos, mas o desejar não. Sabemos que somos completos quando desejamos - desejamos alguém de igual para igual. Quando queremos é diferente - queremos alguém com a inferioridade de quem se sente incapacitado diante de quem parece omnipotente. O desejo é democrático, mas o querer é fascista.
O que desejamos, dava-nos jeito; o que queremos fez-nos mesmo falta. Mas tanto desejar como querer são muito fáceis. (...) Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento que se tem. O que é?
«Cada pessoa, - dizia Oscar Wilde, - acaba por matar a coisa que ama». Mata-a, se calhar, quando sente que a tem completamente. Faz o que faz o caçador com a caça. (...) A verdade, triste, é que uma pessoa completa, a quem não falta nada, não é capaz de querer outra pessoa como deve ser. No momento em que se sente que tem o que quer, foi-lhe devolvida a parte que lhe fazia falta e passou a ter tudo em casa outra vez. É feliz, está satisfeita e deixou de ser inferior à sua maior necessidade. O ter destrói aquilo que o querer tinha de bonito. Uma necessidade ocupa mais o coração, durante mais tempo, que uma satisfação. Querer concentra a alma no que se quer, mas ter distrai-a. (...) É bom que se continue a julgar que aquilo de que se precisa é exterior a nós. (...) Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. (...) É esta a violência. É esta a injustiça. Mas é esta também a beleza. (...) Ter o que se quis não é tão bom como se diz, nem querer o que se tem é assim tão mau. O segredo deve estar em conseguir continuar a querer, não deixando de Ter. Ou, por outras palavras, o melhor é continuar a ser querido sem por isso deixar de ter tido. O que é que todos nós queremos, no fundo dos fundos? Queremos querer. Queremos Ter. Queremos ser queridos. Queremos ser tidos. É o que nos vale: afinal queremos exactamente o que os outros querem. O problema é esse.”

Miguel Esteves Cardoso, in Os Meus Problemas

In My Secret Life (Leonard Cohen)

I saw you this morning/You were moving so fast/Can't seem to loosen my grip/On the past/And I miss you so much/There's no one in sight/And we're still making love/In My Secret Life/I smile when I'm angry/I cheat and I lie/I do what I have to do/To get by/But I know what is wrong/And I know what is right/And I'd die for the truth/In My Secret Life/Hold on, hold on, my brother/My sister, hold on tight/I finally got my orders/I'll be marching through the morning/Marching through the night/Moving cross the borders/Of My Secret Life/Looked through the paper/Makes you want to cry/Nobody cares if the people/Live or die/And the dealer wants you thinking/That it's either black or white/Thank G-d it's not that simple/In My Secret Life/I bite my lip/I buy what I'm told:From the latest hit/To the wisdom of old/But I'm always alone/And my heart is like ice/And it's crowded and cold/In My Secret Life.

poeta urbano/trovador errante

Boletim Meteorológico
Eu tenho um certo gozo em ver-te contente

Já sei que o meu sentimento é banal
Mas nem por isso o que eu digo
A meu ver é menos importante
Às vezes apetece-me oferecer-te um presente

Mas nem sempre calha
E quando calha é quase sempre
Aparentemente insignificante
Por exemplo gostava de te dar uma paisagem

Com camelos e mar ao fundo
Maravilhosa e serena
Tranquilamente estimulante
Mas como pintor sou um desastre
E como economista ainda mais decepcionante
Mesmo assim eu insisto em fazer parte

Do teu mundo
O boletim meteorológico anunciou calor

Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar
Imagina que eu sou um ilusionista

Que arranca coisas do chão, do chapéu, do coração

Talvez assim vejas em mim um homem novo
Todo elegante
O que na verdade sou e a verdade

Pode ser elevada à coisa sonhada
Reinventada por muito se querer
E eu quero ser o teu amante
Desta vez vou construir uma cama de espuma

Adequada à função de voar
Com limpa-pára-nuvens
Mesmo à altura do teu olhar
Se for preciso um pára-quedas arranjamos

Uns milagres em bom estado prontos a usar
Se achares que não valeu a pena, aí lamento
Mas não posso mesmo concordar
O boletim meteorológico anunciou calor
Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar
Faz sentido no meu sistema solar


http://www.jorgepalma.web.pt/

2 November 2006

a anestesia


da espera. tic...tac...tic...tac...